Carlos Daniel Tovim Pinto

Posto: Bombeiro de 3ª

Profissão: Bombeiro Profissional

CADETES – Entrevista ao bombeiro 3ª classe Carlos Tovim, como o elemento mais novo da guarnição no 1º veículo VECI 04, a sair para o incêndio nos antigos armazéns da Cooperativa União Novense, no dia 1 de fevereiro, 2023.

5 fevereiro, 2023 ás 11 horas

Amigo CARLOS TOVIM, sou o cadete DANIEL FARIAS e gostava de lhe fazer 3 perguntas:

1ª pergunta

Qual o seu nome completo, a idade e a sua residência?

Antes de mais bom dia a todos e espero que cheguem todos ao fim da vossa formação, e que no futuro eu tenha o privilégio de sair com vocês, em algum veículo de socorro.

E com o tempo, vão perceber que e isto é um mundo muito mais vasto do que ser só bombeiro.

Então em relação à tua pergunta, o meu nome é Carlos Daniel Tovim Pinto, tenho 25 anos de idade e iniciei há 7 anos nesta corporação e quero continuar aqui em Pinhal Novo. Eu residia no Pinhal Novo, mas ao juntar-me com a minha esposa, fomos viver para a localidade do Forninho – Poceirão.

2ª pergunta

Quais as suas habilitações literárias? E caso não tenha o 12º ano, se pensa concluir a escolaridade mínima?

Tenho o 9º ano e neste momento estou a fazer o RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação Competências) para concluir o 12º ano de escolaridade.           

3º pergunta

Qual é a sua profissão atual? E há quantos anos exerce?

Sou bombeiro assalariado na Associação Humanitária dos Bombeiros de Pinhal Novo, há cerca de 3 anos e faço parte da EPI 1 (Equipa de Primeira Intervenção).

Sou o cadete DIOGO MONTEIRO e atendendo que a sua profissão é de bombeiro, gostava de lhe colocar como o meu colega 3 perguntas:

1º pergunta

 Já foi bombeiro noutra cooperação? Caso tenha sido qual foi?

Negativo, iniciei no Corpo de Bombeiros de Pinhal Novo e quero continuar aqui.

2º pergunta

Em que ano e qual foi o posto que ingressou na Corporação dos Bombeiros de Pinhal Novo e quem era o Comandante? Ainda na mesma pergunta em que ano fizeste o teu juramento como bombeiro de 3ª classe e se era o mesmo Comandante quando te alistaste?

Entrei na corporação como estagiário no mês de dezembro de 2016 e o comandante era o Raul Prazeres.

Frequentei o curso de para o bombeiro de 3ª classe no ano de 2017, tendo concluído no ano seguinte e promovido no dia 1 de maio 2018, nas comemorações do 67º aniversário, onde fiz o meu juramento como bombeiro e aconteceu neste ano a transição de comando, para o novo comandante Luís Neto.

3º perguntaQuando pensas fazer o curso ao posto de Bombeiro 2ª Classe?

Assim que tiver oportunidade.

Fala o Cadete DANIEL FARIAS novamente, porque o meu colega LEANDRO AMARAL não compareceu, e tendo eu familiares nos bombeiros e ter ouvido falar muito sobre incêndios e sabendo eu que na passada quarta feira houve um incêndio de grandes proporções aqui no Pinhal Novo ao final da tarde, gostava de lhe colocar também 3 perguntas:

1º pergunta

Qual foi a primeira viatura a se deslocar-se para o local do incêndio e porquê esse veículo e não outro, quem era o chefe de viatura e que funções lhe foram atribuídas no percurso pelo chefe da guarnição?

Após o alarme interno a primeira viatura a sair para o local do incêndio foi o veículo VECI 04, porque é a viatura mais versátil e melhor equipada em vários tipos de ocorrências. O chefe de viatura, era o nosso chefe da EPI Rui Cruz, em termos de funções atribuídas fui como combatente, mas isso é uma situação que se encontra mecanizada entre nós, pois estamos aqui de segunda a sexta e já trabalhamos juntos à cerca de três anos, o que permite existir um bom entendimento entre todo o grupo nas funções que cada um ocupa.

 2º pergunta

Qual a estratégia utilizada no combate? E as dificuldades na extinção do incêndio?

A estratégia utilizada no combate, podemos considerar que foi um misto, em que todos vocês vão aprender na vossa formação, ou seja é uma técnica indireta, atendendo que temos combatentes a trabalhar do exterior para o interior e outros só no interior.

As dificuldades na extinção do incêndio sentiram-se mais na logística, em termos de abastecimento de água, contudo com o apoio de outras corporações conseguiu-se neutralizar o problema.

3º pergunta

Sendo o Carlos Tovim o mais novo guarnição da VECI 04, gostávamos de saber se o fator medo existiu na sua pessoa? E na função de combatente se sentiu receio da falta de água, eventuais derrocadas ou outro tipo de dificuldades?  

O medo não existe na minha pessoa, porque sinto-me confiante daquilo que estudei e dos vários treinos que tivemos, o que me permite muita confiança na ação e tenho um grupo que me dá muita confiança. Contudo e como é óbvio e segundo os protocolos instituídos, a coisa mais importante na nossa ideia é o fator SEGURANÇA. E nós quando enfrentamos estes cenários já sabemos os riscos que corremos, e quando estamos expostos e se vamos com medo, mais vale deixar ir à frente, quem não tenha medo. Porque em vez de uma pessoa em perigo, passam a ser dois.

Mas não invalida dizer, que ás vezes também tenho receio e fico assutado, com os vários cenários que nos surgem e não me querendo alongar muito nas vossas questões, recordo o malogrado incêndio, aqui a dois passos de nós na encosta da serra de Palmela e que sem dúvida, tive medo e senti a vida em perigo. Mas enfim, são águas passadas e chutar a bola para a frente, porque foi esta a profissão que escolhi.  

A nível de manobra é sempre preocupante para o bombeiro combatente com a agulheta, porque no momento que lhe falte a água, ele deixa de ter segurança.  Mas deixem-me dizer-vos o seguinte, eu na posição de combatente não tenho receio e não há fogo que me atinja enquanto tiver água.

No que respeita a eventuais derrocadas, temos que ter sempre atenção ao tipo de coberturas, nós temos atualmente coberturas altamente evoluídas em termos de engenharia. Antigamente as coberturas eram em madeira, depois veio as vigas em fibrocimento e ultimamente todas as coberturas são em placas de botão armado, isto é assim conforme o tipo de edifício, temos que analisar os riscos que vamos estar expostos. No caso concreto, era uma estrutura já com alguns anos, com vigas de betão e lussatite que se torna perigoso com altas temperaturas, provocando rebentamentos como granadas e começa a estalar todo. O meu procedimento como primeiro combatente foi mandar jatos de água contra as placas de lussatite e onde via que não estavam a ceder ia avançando pouco a pouco, pelos espaças com maior segurança, para evitar levar com alguns estilhaços.