Ata nº 54 – Assembleia Geral

Aos vinte cinco dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e setenta e cinco, pelas vinte horas e trinta minutos, reuniu no quartel em Assembleia Geral Ordinária, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, com a seguinte ordem de trabalhos:

Primeiro, Apresentação de contas do ano de mil novecentos e setenta e quatro. Segundo, “Cedência Terreno para instalação de uma cabine elétrica.
Terceiro, Eleição de Corpos Gerentes para o ano mil novecentos e setenta e cinco.

Aberta a sessão, e como não estivesse presente número de sócios suficiente para legalmente funcionar, foi imediatamente encerrada e reaberta uma hora depois, conforme determinam os Estatutos e de acordo com os avisos convocatórios distribuídos.

Reaberta a sessão, foi lida a ata da sessão anterior. Posta à discussão e a seguir à aprovação, foi aprovada por unanimidade.

Seguidamente foi concedida uma hora para discutir assuntos estranhos à Ordem de Trabalhos.

Pediu a palavra o associado Hélder Pimenta para exprimir o seu descontentamento devido ao facto de lhe ter sido comunicado por escrito que tinha vinte e uma cotas em atraso. Estranhava que só ao fim de quase dois anos de atraso o tivessem avisado e pedia para que lhe fosse explicada a razão de tal procedimento. Após algumas considerações do cobrador, o Presidente da Direção explicou que na verdade haviam muitos sócios com cotas em atraso devido a dificuldades resultantes da necessidade de efetuar a cobrança individual a cerca de mil e quinhentos sócios só com um cobrador e com a agravante do existente não gozar de boa saúde, chegando a estar dois meses internado. Durante este lapso de tempo tinham sido os elementos do Corpo Ativo que com a sua boa vontade haviam efetuado alguma cobrança. Na realidade trezentos sócios tinham cotas em atraso. Explicando a razão do sócio Hélder Pimenta ter sido avisado só após tão exagerado atraso, esclareceu que existiam associados que liquidavam as suas cotas ao ano, e que por hábitos adquiridos o faziam no fim e não no princípio de cada ano, como seria lógico. Assim era difícil um controlo apertado dos atrasados. Apesar de tudo, havia todo o interesse em manter os associados, escrevendo-se a alguns, afim de a pouco e pouco os atrasos serem recuperados. Apelando para a colaboração da massa associativa, finalizou a sua intervenção.

E como não houvesse mais qualquer sócio a querer usar da palavra, o Presidente da Mesa propôs que se começassem a discutir os assuntos da Ordem de Trabalhos, o que foi aprovado por unanimidade.

Assim, começou-se o primeiro assunto: Apresentação de Contas do ano de mil novecentos e setenta e quatro.

Pelo Primeiro Secretário da Direção foi lido o relatório e apresentadas as contas. No relatório era focada a orientação seguida durante a gerência e que se resumia na manutenção do serviço do Corpo Ativo no auxílio aos que à Associação recorreram e uma forte determinação na sequência do sonho de todos os amigos da Associação: A construção do nosso quartel sede. Foram também apresentadas com detalhe todas as verbas recebidas e gastas. Assim, o saldo que tinha transitado de mil novecentos e setenta e três era de Esc. 32.890$80 (trinta e dois mil oitocentos e noventa escudos e oitenta centavos); as receitas em mil novecentos e setenta e quatro totalizaram 441.299$80 (quatrocentos e quarenta e um mil duzentos e noventa e nove escudos e oitenta centavos) as despesas totalizaram 426.860$10 (quatrocentos e vinte seis mil oitocentos e sessenta escudos e dez centavos) pelo que o saldo que transita para mil novecentos e setenta e cinco se cifra em 47.330$50 (quarenta e sete mil trezentos e trinta escudos e cinquenta centavos).

Seguidamente, e a pedido de um elemento do Conselho Fiscal, o mesmo Primeiro Secretário da Direção leu o respetivo parecer, que terminava pedindo primeiro: Que se aprovasse o Relatório e Contas da Direção, segundo: Que se aprovasse um voto de louvor à Direção e ao Comando, terceiro: Que se aprovasse um voto de louvor a todos os Soldados da Paz da nossa Associação.

Postas as contas à discussão, pediu a palavra o associado Olímpio Carapinha para pedir esclarecimentos sobre algumas das verbas indicadas no mapa comparativo com anos anteriores, no que foi esclarecido pelo Presidente da Direção. A seguir o Presidente da Mesa fez algumas considerações sobre as contas apresentadas, tendo também prestado alguns esclarecimentos o Secretário e o Tesoureiro da Direção, realçando-se o facto do motorista da Associação ter desempenhado as suas funções com zelo exemplar, e que era digno de muito louvar e apreço a sua dedicação total, opinião aliás, também expressada por alguns outros associados. Foi também posta em destaque a colaboração valiosa de António Agostinho nas obras do quartel, que mercê do seu continuado esforço, tenham avançado em ritmo bastante aceitável.

Como não houve mais associados interessados em usar da palavra, foram as contas postas à aprovação, sendo aprovadas por unanimidade. Seguidamente foram postos à aprovação os votos pedidos no parecer do Conselho Fiscal, sendo aprovados por unanimidade.

A seguir começou a discutir-se o segundo assunto da Ordem de Trabalhos: “Cedência de terreno para a instalação de uma cabine elétrica”.

Pelo Presidente da Direção foi historial o assunto, informando que tinha sido contactado pela Junta de Freguesia e União Elétrica Portuguesa, mais conhecida por U.E.P., no sentido da Associação vir a ceder à dita U.E.P., uma parcela de terreno junto ao novo quartel, com a área aproximada de 16 a 18 metros quadrados, com destino à edificação e instalação pela U.E.P., de um posto transformador elétrico, que se destinaria a melhorar o fornecimento de energia elétrica à parte norte de Pinhal Novo. A escolha do local indicado era devido à sua centralização e por a instalação nesse local representar uma economia apreciável para a U.E.P. O Presidente da Direção informou a título pessoal, concordar com a cedência do terreno, pois lhe parceria não haver qualquer inconveniente na instalação. Punha portanto o assunto à consideração da Assembleia Geral.

Pelo associado Rogério Lagarto foi expressada a opinião de que não seria aconselhável a cedência gratuita de qualquer parcela de terreno pertencente à Associação, pois a U.E.P., como entidade privada e exclusiva fornecedora de energia na terra, tenha a obrigação de comprar o terreno de que precisava. Por outro lado, duvidava que não fosse possível a edificação da cabine elétrica em terreno que não pertencesse à Associação. Pelo associado Olímpio Carapinha foi dito que concordava com a cedência do terreno, pois a Associação possuía terreno mais que suficiente para as suas necessidades e não era de ignorar que esta decisão viria beneficiar bastante a população da parte de Pinhal Novo. A seguir o Presidente da Junta de Freguesia expôs o ponto de vista da Junta, exortanto os sócios à cedência, pois o terreno que agora era de Associação já tinha pertencido à Câmara Municipal, entidade que o tinha oferecido à Associação. Após novas intervenções de Rogério Lagarto, Olímpio Carpinha, Presidente e Segundo Secretário da Mesa, o associado Rui da Costa Xavier propôs que o terreno fosse cedido, mas na condição da U.E.P. fazer gratuitamente as baixadas do novo quartel e do parque infantil que se encontra a instalar pela Junta de Freguesia. Posta esta proposta à aprovação, foi aprovada por unanimidade, ficando a Direção autorizada a tratar do assunto nos termos aprovados.

Seguidamente entrou-se no terceiro assunto da Ordem de Trabalhos: Eleição de Corpos Gerentes para o ano de mil novecentos e setenta e cinco.

Presidente da Direção informou que não havia lista para votação e que deveriam ser os associados a escolher e eleger os que melhor pudessem servir a Associação.

Pelo Presidente da Mesa, alguns associados e membros cessantes foram feitas algumas considerações sobre o assunto e das razões que motivavam a não recondução da Direção.

A fim de tentar solucionar este assunto o Presidente da Mesa propôs que se aprovasse pedir ao Presidente da Direção cessante, que aceitasse o encargo de continuar à frente dos destinos da Associação, encarregando-se de constituir um elenco a votar em nova Assembleia a convocar para o efeito. A massa associativa presente manifestou-se de acordo com esta proposta, sublinhando com calorosa salva de palmas dirigidas ao Presidente de Direção cessante, José Ismael Baltazar.

O Presidente da Mesa agradeceu seguidamente a todos os presentes a maneira disciplinada e ordeira como tinham decorrido os trabalhos, pedindo para que de acordo, com um apelo que tinha ouvido na rádio, se estudasse a possibilidade de em Pinhal Novo ser constituído um grupo de dadores aos hospitais, devendo ser consultada a Cruz Vermelha ou o Instituto Nacional de Sangue através da Associação, a fim de ser apontado o caminho da concretização desta dádiva.

E como não houvesse assuntos a tratar, o Presidente deu por encerrada a sessão da qual se lavrou a presente ata, que depois de lida e aprovada será assinada por todos os membros presentes e por mim, Primeiro Secretário da mesa que a redigi e subescrevo. António Jacob Abelho Franco.

Pinhal Novo, 25  de fevereiro de 1975.

O Presidente da Mesa

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Álvaro José da Costa Tavares