Ata nº 30 – Assembleia Geral

Aos catorze dias do mês de junho do ano de mil novecentos e sessenta e seis, pelas vinte horas e trinta minutos, reuniu na sua sede em Assembleia Geral Extraordinária da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo, com a seguinte ordem de trabalhos.

Ponto único – Demissão dos Corpos Gerentes e apresentação de contas da atual Direção, de acordo com os avisos convocatórios distribuídos.

Aberta a sessão, e como não houvesse número de sócios presentes para legalmente funcionar, foi imediatamente encerrada e reaberta uma hora depois.

Reaberta a sessão, foi lida a ata da sessão anterior. Posta à discussão e aprovação, foi aprovada por unanimidade.

Seguidamente, e como já vem sendo hábito, foi pelo Presidente da mesa concedida uma hora para tratar de assuntos estranhos à ordem de trabalhos.

Porque não houvesse sócios interessados no uso da palavra, foi aprovado por unanimidade, o imediato encerramento desse lapso de tempo, entrando-se em seguida no primeiro assunto da ordem de trabalhos: Demissão dos Corpos Gerentes.

Pelo secretário da mesa foi lida uma exposição, apresentada pela Direção e que é do teor seguinte: “ Exmo. Senhor Presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários de Pinhal Novo.

Ao tomar a decisão de renunciar ao seu mandato, a Direção não quer deixar de tornar público, os motivos em que filia a sua atitude.

Primeiro – Não lhe é possível continuar a gerir a associação enquanto à frente do Comando se encontra o atual Comandante, pois fica assim contrariada a vontade da massa associativa manifestada na última assembleia geral.

Segundo – Embora tenha tomado posse e realizado atos administrativos, não foi por mais que uma vez verificada a presença do Comandante para tratar de qualquer assunto referente ao Corpo Ativo. Os problemas foram apresentados diretamente pelos membros do Corpo Ativo o que torna a sua solução impossível ou demorada, pois faltando a assistência do responsável, não é possível a qualquer elenco diretivo por melhor que seja, acertar naquilo que desconhece.

Terceiro – É fácil notar a falta de colaboração do Comandante baseada nos seguintes factos:

a) Da verba de dez mil escudos (10.000$00) recebida em mil novecentos e sessenta e seis, mas ainda fora do nosso mandato para compra de mangueiras, o Comandante fez-se pagar de dívidas que a associação contraiu para consigo, mercê duma administração que a massa associativa tem considerado na generalidade descuidada e ruinosa para a vida da associação. Ora quando as mangueiras chegarem, os 10.000$00 (dez mil escudos) tem que ser imediatamente destacados ao seu integral pagamento, pois aí se destinavam; – Como resolve-los então? Porque não informou o Comandante, destes aspetos da vida administrativa, os Corpos Gerentes deste ano? E finalmente, como pagar as mangueiras?

b) Há poucos dias o Comandante escreveu um ofício à Direção, cujo teor passamos a ler: Exma. Direção da Associação Humanitária dos bombeiros Voluntários de Pinhal Novo. Como se aproxima a época quente, por conseguinte mais propícia à originar fogos especialmente em matas e pinhais na freguesia, no concelho e até em concelhos limítrofes, informamos vossas excelências, de que as nossas viaturas para todo o terreno, não oferecem condições para podermos atuar com rapidez a qualquer chamada urgente. È necessário portanto que a Exma Direção deste Corpo de Bombeiros Voluntários, mande com urgência reparar as ditas viaturas. Esperando o bom acolhimento deste nosso pedido, apresentamos a vossas Excelências os nossos respeitosos cumprimentos. Vida por vida. Pinhal Novo e quartel dos bombeiros voluntário, aos vinte cinco dias de maio de mil novecentos e sessenta e seis. O primeiro Comandante, assinado, José da Costa Xavier.

Certamente que o Exmo. Senhor Comandante não tomou nunca uma atitude destas com outra Direção. Se as tomasse não vínhamos encontrar todo o material na situação para o que ele agora chama a nossa atenção dum modo que parece excluir qualquer responsabilidade da Direção anterior. Apesar de tudo as contas de garagem por pagar são enormes, conforme consta do relatório de dívidas e nem por isso o material está em ordem de trabalhar.

Abstemo-nos de frisar mais factos que revelam a compreensão que o Exmo. Comandante, tem do grave momento da associação. No entanto, como parece ter ao seu alcance maneira de resolver por si só todos estes problemas, declaramos aqui, que não podemos continuar mais à frente dos destinos desta associação, colocando nas mãos do Presidente da Assembleia Geral, os mandatos para que fomos eleitos e solicitando que se dê conhecimento à massa associativa desta nossa renúncia. Pinhal Novo, onze de junho de mil novecentos e sessenta e seis. A bem da humanidade, a Direção: Assinado – Álvaro José da Costa Tavares. Emílio Xavier Simões, Arnaldo Francisco Mendes, Salvador da Encarnação Duarte, Manuel Romão Correia e António Coimbra. O Conselho Fiscal deu também da sua renúncia, em carta dirigida ao Presidente da Assembleia.

Pelo Presidente da mesa foi então dito, que como lhe tinha sido dito impossível combinar, digo conciliar as duas partes em litígio, a mesa da assembleia se consideraria também demissionária no final desta sessão.

Seguidamente entrou-se na segunda parte da ordem de trabalhos: Apresentação de contas da atual Direção.

Pelo secretário da Direção foi lido o relatório de contas que dizia respeito ao período de gerência compreendido entre vinte e dois de abril e onze de junho deste ano de mil novecentos e sessenta e seis. Pelo secretário da mesa foi lido o parecer do Conselho Fiscal. Postas as contas à aprovação e discussão, foram estas aprovadas por unanimidade e vão ser remetidas à Junta Distrital de Setúbal, para aprovação oficial.

Seguidamente foi lido pelo secretário da mesa, um pedido assinado por todos os membros que faziam parte da Direção, para aprovar um voto de louvor ao Exmo. Senhor Governados Civil do nosso distrito, por sempre ter manifestado pela associação o maior interesse e estima. Posto o voto à aprovação, foi aprovado por aclamação unânime.

Seguidamente pelo Presidente da mesa, foi informado que ia ser dado conhecimento às autoridades oficiais, da demissão dos corpos gerentes desta associação, pedindo ao secretário para ler os borrões das cartas que estavam elaboradas, a fim de ser aprovado pela assembleia a sua respetiva redação. Depois de lidas e como não tivessem surgido quaisquer objeções, vão ser enviadas aos seguintes destinos: Governo Civil do Distrito, Junta Distrital e Inspeção Geral de Incêndios.

O Presidente da mesa proferiu seguidamente algumas palavras, em que lamentava as condições existentes, e acabou afirmando a sua esperança na resolução dos problemas atuais, pelas autoridades oficiais. Mais informou, que o saldo existente em caixa, vai ser entregue para depósito até à resolução do problema da Direção, ao Presidente da Junta de Freguesia.

E como não houvesse mais assuntos a tratar, o Presidente deu por encerrada a sessão, da qual se lavrou a presente ata, que depois de lida em voz alta e aprovada será assinada por todos os membros presentes. E eu, primeiro secretário que a redigi e subscrevo.

Pinhal Novo, 14 de junho de 1966.

O Presidente da Mesa

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Bernardino Tomé Galvão